No Litoral Norte Gaúcho é muito comum escutar nas ruas e em conversas entre conhecidos expressões do tipo: “não gosto do verão por que a cidade enche de gente”, “os turistas enchem o saco”, “no verão tudo tem fila” “não dá nem para estacionar” entre outras preciosidades.
Este comportamento corriqueiro de algumas pessoas contamina a consciência coletiva e prejudicam paulatinamente o setor turismo que aquece a economia da cidade. Todavia, penso que não são comportamentos plenamente conscientes e sim uma espécie de discurso repetitivo. Alguns podem achar que tais comentários soltos ao vento são inofensivos, mas com o passar dos anos o discurso vai se enraizando e passa então a gerar uma destruição sutil que compromete o crescimento do setor econômico das cidades litorâneas.
Um dos aspectos desta mentalidade nociva é a dificuldade que todos temos de lidar com as novidades ou alterações do cotidiano, e com isso não aceitar as mudanças - o novo. No caso, a chegada dos turistas “afeta” a vidinha prosaica praiana e inspira estes arrombo de “sabedoria popular”, vulgarmente chamado de “reclamar dos turistas”.
As pessoas com esta mentalidade resistem em sair da zona de conforto e isso é bastante comum na região que (aparentemente) trabalha somente dois meses por ano. É a síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim....”, e como sempre fizeram assim, até zombam das pessoas que tentam fazer diferente.
As pessoas que agem desta forma precisam mudar. Devem entender que se continuar com o mesmo pensamento preconceituoso sobre os turistas, os anos passarão e não haverá o desenvolvimento turístico esperado. E o que é mais incrível é que querem fazer as coisas do mesmo jeito de sempre, mas esperam resultados diferentes. Isso tem o nome de auto sabotagem ou auto-boicote. Uma mentalidade assim é tiro no pé, pois só contribui para que o Litoral Norte fique cada vez mais para trás na disputa por turistas.
A mudança de mentalidade de adultos é um processo pessoal, por isso proponho que cada leitor pense no assunto e faça sua autoanálise lembrando que são os turistas que geram empregos e renda, que pagam impostos, que consomem o que construímos e fabricamos e que em ultima análise são aqueles que nos alimentam. Assim, porque não passar a gostar dos turistas? Auxiliá-los, agradá-los e encantá-los?
Encarar nosso preconceito é o primeiro passo, reconhecer o auto-boicote coletivo o segundo, e por derradeiro devemos e podemos mudar a nós mesmos ... Boa semana.
*Col. e foto Carlos Lange